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E se uma vontade louca de consumo chutasse a minha cara com um tênis cheio de amortecedores propulsores em design arrojado futurista? E se me atropelasse com uma caminhonete animal prata, tração nas quatro rodas, do ano? Ela poderia cegar meus olhos com a super imagem de um mega televisor full hd 50 polegadas... Ou poderia tingir definitivamente minha pele com manchas ásperas bolhosas de maquiagem biocosmética importada. Vejo a vontade de consumo promovendo meu linchamento cometido por um grupo de roupas de alta costura de griffes sofisticadas, elas que sempre andam em bando de peças chave... Eu poderia sucumbir ao violento asfixiamento provocado pelo loft espaçoso decorado e mobiliado na beira do lago Paranoá. A vontade louca de consumo é brutal, ela não perdoa...Consumismo é cruel pra caralho com quem não tem dinheiro.


ANA TIRANA


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Hoje eu venho saudar as mulheres que gritam.

Desejo gargantas catapultas (mais do que voz), goelas potentes e fúria. Desejo amor que explode e voa pelos ares. Desejo olhar preciso fulminante, domínio das idéias e verbo afiado.

Criar é proferir palavra como uma faca cravada de maneira irreversível. Desejo presença com raízes fincadas a cada passo dado, com um estandarte erguido no topo da cabeça, com uma serpente que arrodeia a medula, com rasgo no peito de onde saem revoadas de borboletas e outros insetos estranhos, olhos de ver e um sorriso minúsculo de quem já viveu um milhão de anos

Desejo um vulcão no peito. Desejo hálito de fogo.

Desejo o protagonismo manifestado na imagem mais aterrada e aterradora que a vida oferecer.

Desejo o desmoronamento e o silêncio. O sono, o descanso, o sonho.

Saúdo as mulheres que gritam a dor do mundo todo pra seguirem de pé, ainda maiores, ainda mais incríveis, ainda mais monstruosas.


ANA TIRANA

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