
Hoje eu venho saudar as mulheres que gritam.
Desejo gargantas catapultas (mais do que voz), goelas potentes e fúria. Desejo amor que explode e voa pelos ares. Desejo olhar preciso fulminante, domínio das idéias e verbo afiado.
Criar é proferir palavra como uma faca cravada de maneira irreversível. Desejo presença com raízes fincadas a cada passo dado, com um estandarte erguido no topo da cabeça, com uma serpente que arrodeia a medula, com rasgo no peito de onde saem revoadas de borboletas e outros insetos estranhos, olhos de ver e um sorriso minúsculo de quem já viveu um milhão de anos
Desejo um vulcão no peito. Desejo hálito de fogo.
Desejo o protagonismo manifestado na imagem mais aterrada e aterradora que a vida oferecer.
Desejo o desmoronamento e o silêncio. O sono, o descanso, o sonho.
Saúdo as mulheres que gritam a dor do mundo todo pra seguirem de pé, ainda maiores, ainda mais incríveis, ainda mais monstruosas.
ANA TIRANA
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